O que são os padres? Por que devemos respeito a eles? E por que o demônio odeia tanto os sacerdotes do Altíssimo? Nas últimas décadas, vemos crescer cada vez mais o ódio ao sacerdote – palavra que é, aliás, usualmente pouco empregada –, talvez por tudo que ele representa: a obediência a Deus, o celibato e um coração devotado às coisas do céu. A palavra sacerdote vem do latim sacerdos (sagrado) e otis (representante), significa representante do sagrado. Numa época em que as pessoas se tornaram incapazes de distinguir o sagrado do profano trata-se de um verdadeiro incômodo, um sinal de contradição. 

São João Maria Vianney nasceu em 8 de maio de 1786, filho de um pobre camponês, no vilarejo de Dardilly, na França. Trabalhou durante a infância como pastor e ajudando o seu pai nas atividades do campo. Viveu durante o regime de Napoleão, foi convocado para o serviço militar e tornou-se um recruta desertor. 

Aos 20 anos, ele já mostrava a coragem de um verdadeiro santo, aquela coragem necessária para opor-se às tiranias do mundo e manter-se fiel à Santa Igreja. Ele preferiu ser perseguido pela polícia de Napoleão ao invés de servir um regime que pregava os ideais sanguinários da Revolução Francesa. Ideais estes que levaram aos massacres de setembro de 1792 – nos quais foram mortos três bispos, 127 padres diocesanos, 56 religiosos e cinco leigos. 

Começou a estudar na mesma época em que foi convocado, sem saber nada de filosofia e tendo dificuldades em aprender o latim. Por isso, foi recusado duas vezes nos exames para a ordenação. Aos 30 anos foi ordenado, mas julgava-se um sacerdote incompetente, pelas suas dificuldades acadêmicas. Passou alguns anos sob os cuidados e ensinamentos do padre Balley e, após a morte desse santo sacerdote, foi transferido para o vilarejo de Ars, onde faleceu em 4 de agosto de 1859.

É inquestionável que a grandeza deste santo estava em sua pequenez, em seu apostolado e no seu grande espírito de penitência. Ele acordava às 2h, celebrava a Missa e ficava na capela até o meio-dia, quando saía à procura das almas. Mas Ars era uma cidade desastrosa, com pouco cuidado pastoral e sem padres.

No começo, seus habitantes não souberam aproveitar o santo que Deus havia mandado. Da mesma forma, nós, hoje, não sabemos respeitar, nem dar o devido valor ao sacrifício de bons padres – nunca como hoje tão necessários. Por vezes, os tachamos de “tradicionais” ou “radicais” pelo simples fato de defenderem a sã doutrina da fé. Mas a verdade é que o ato de maior radicalidade já realizado – ato que até hoje escandaliza o demônio e seus seguidores – foi o sacrifício de Cristo na Cruz. Olhando para Ele, seremos capazes de respeitar o sacrifício de cada padre que defende a doutrina da fé.

O padre Vianney levou uma vida de desprendimento e grande pobreza. Começava a atender confissões à 1h e era conhecido por permitir-se dormir apenas duas horas durante a noite. Tão grande era o amor deste sacerdote pelas almas, que conseguiu tirar todo o vilarejo de Ars das ruínas, razão pela qual recebeu o título de “Cura d’Ars”. 

Foi beatificado em 8 de janeiro de 1905 pelo Papa São Pio X e canonizado em 31 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI.  Rezemos por nossos padres, pelas vocações e para que Nosso Senhor nos conceda a graça de termos mais sacerdotes como São João Maria Vianney para, assim, sabermos respeitá-los e reverenciá-los como verdadeiros pastores do rebanho a eles confiado.