Por Gustavo Lot

No dia 1° de novembro comemoramos a festa de Todos os Santos. Há vários motivos para a comemoração desta festa litúrgica, dentre eles: a comemoração dos santos omitidos (aqueles santos que tiveram a sua páscoa terrena, mas ainda não foram canonizados); a necessidade de lembrarmos da festividade daqueles santos que não tem uma memória litúrgica específica; a expiação de nossas negligências para com os santos; e um dos grandes motivos que é lembrarmos da nossa vocação universal à santidade.

 Você saberia dizer qual é a origem dessa celebração? Na antiga Roma pagã havia um templo chamado Panteão, palavra formada de pan, “todos”, e theos, “deuses”. Nesse templo os romanos deixavam grandes estátuas de seus deuses e pequenas estátuas dos deuses das províncias dominadas por Roma.

Alguns séculos depois do imperador Constantino declarar Roma um país católico, o imperador Focas deu o antigo panteão ao papa Bonifácio IV, que purgou todos os ídolos e falsos deuses do templo e o consagrou em 12 de maio de 609 – ano que o templo foi dado ao santo padre – em honra à Maria e aos mártires.

É importante ressaltar que naquela época a Igreja ainda não celebrava uma memória litúrgica para cada mártir e santo. O templo recebeu o título de Basílica de Santa Maria de todos os Mártires e hoje é conhecido como Santa Maria Rotonda.

 Devido à grande devoção que surgiu pelos santos, o papa Gregório III transferiu a festividade para 1° de novembro e mudou o seu nome para memória de Todos os Santos. Assim, um templo construído para adoração de ídolos e deuses pagãos foi purificado e dedicado a todos os santos da Igreja, aos quais são dirigidas grandes devoções até hoje pelos peregrinos.

 A festa de todos os santos é uma comemoração litúrgica importantíssima, por isso é uma solenidade e um dia de preceito. Somente as festas litúrgicas mais importantes do ano são classificadas como dias de preceito, dentre elas estão: Santa Maria Mãe de Deus (01/01), Epifania do Senhor (06/01), Ascensão do Senhor (40 dias após a Páscoa), Corpus Christi, Santos Apóstolos Pedro e Paulo (29/06), Assunção de Nossa Senhora (15/08), Todos os Santos (01/11), Imaculada Conceição (08/12) e Natal (25/12).

 A veneração para com os santos é e sempre será importantíssima para o bem da Santa Igreja e é somente pela veneração dos santos que conseguimos que eles intercedam por nós. Existem vários tipos de veneração e apenas um tipo de adoração. A Latria é a forma de adoração (e a única) que nós temos somente para com Deus.

Alguns exemplos de veneração são: a Hiperdulia, que é a forma de veneração especialíssima à Santíssima Virgem; a Protodulia, onde veneramos São José; e a Dulia, onde ocorre a veneração com todos os santos.

 Devemos não só venerar os santos, mas imitá-los como eles imitaram o Cristo. Eles foram verdadeiros santos porque abandonaram a si mesmos e deixaram que Cristo vivesse neles, e é essa atitude que devemos ter como exemplo. Assim, devemos fazer igual São Pio X e “Instaurare omnia in Christo” (Restaurar todas as coisas em Cristo).

“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, colocá-la no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto.” (Mateus 5, 15-16)