A Quaresma é um tempo de profunda conversão, desviar o olhar da marginalidade de nossa vida e fixar nossos olhos no mistério do Cristo crucificado e assim, purificados de nossas faltas, participar solene e alegremente de sua ressurreição. 

A quaresma se divide em dois momentos: o primeiro se inicia com a Quarta-feira de Cinzas perdurando até o final da 4ª semana da Quaresma, a liturgia direciona os fiéis à uma prática de conversão pela observância da oração, esmola e do jejum. 

O segundo começa com o 5º Domingo da Quaresma e culmina no Tríduo Pascal. A liturgia conduz os fiéis a contemplar a face do Servo Sofredor, sua condenação e morte.

É neste sentido, de fixar os nossos olhos em Cristo, que surge a tradição de se cobrir as imagens dos santos e do Crucificado em nossas igrejas durante o período que se inicia no 5º Domingo da Quaresma até o início da Solene Vigília Pascal. Este gesto é uma forma de antecipar o “luto” – por isso a cor roxa – no qual toda a Igreja vivenciará na sexta-feira da Paixão, nos ajuda a centrar nossa fé, não nas devoções particulares, mas no mistério Eucarístico no qual Cristo continua a se oferecer por nós.

 A Cruz é desvelada na Celebração da Paixão nos levando a contemplar o sacrifício que nos remiu e a perfeita obediência de Cristo ao Pai. 

Velatio” (velar ou cobrir) remonta a uma tradição que se iniciou, provavelmente, no final do século I, sendo introduzida, de forma prescritiva, com o Concílio de Trento (1546 – 1563). Com a reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II (1962 – 1965) esta prescrição passou a ser uma “sugestão”, cabendo a cada Conferência Episcopal deliberar o cumprimento do costume em cada realidade pastoral.

Frater Renato Augusto Ferreira, SAC.