Por: Ariana Zorteia/Pascom

Dizer adeus para quem faleceu é uma situação difícil para todos.  O cerimonial do funeral ajuda no processo de luto, compreende um ciclo necessário para superar a ausência de quem é especial.

Culturalmente, existem diferentes ritos funerários. Em comum a todos, está a presença de amigos e familiares, a despedida e a lembrança de quem se foi. Hoje, os rituais foram alterados para cumprir os protocolos sanitários, devido a pandemia de Covid-19.  Essa mudança causou impactos aos enlutados, abreviando o momento de despedida, que é essencial para aceitar a perda.

O psicólogo e psicoterapeuta, Mauro Duarte, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), diz que existe diferença do luto na pandemia. “A sensação de pânico gerada tem agravado a preparação do luto, o medo da morte e a perda de jovens é mais dolorosa, causa mais comoção”, afirma Duarte. 

“Como consequência emocional e psicológica, ver o familiar, que sequer estava doente, falecer pela falta de vacina ou ação do governo, gera raiva e aumenta a profundidade da dor, sobretudo pela divulgação insistente do número de mortos”, comenta o psicólogo.

Duarte ressalta que a abertura gradual que estamos passando contribui para a fase de aceitação, que consiste na retomada da vida normal, mesmo depois da morte. Ele lembra que o luto é um processo de preparação e resolução da perda de um objeto amado (uma pessoa, um emprego, uma decepção e perda de confiança em alguém). Tudo isso envolve um luto.

Uma dor de muitas fases 

As fases do luto foram verificadas em uma pesquisa que demonstra que a tendência é primeiro negar, devido a dor de perder algo que se ama. Depois pode vir a raiva, um reflexo da sensação de culpa por ter perdido. A barganha, uma defesa de tentar observar uma alternativa, uma forma de se enganar ou fingir que não perdeu. 

 A depressão:  a necessária tristeza por realizar a perda daquilo que ama. E, enfim, a aceitação, a resolução do luto.

A ministra da Sagrada Eucaristia Clara Soler Cosmo ficou viúva em 2016. Atualmente, após quadro anos, aprendeu a conviver com a saudade e as lembranças das coisas boas.  Apesar da dificuldade que toda perda acarreta, a fé foi de suma importância para ela superar os momentos de nostalgia e tristeza.

Para ela, é muito triste perder um ente querido em tempos de pandemia, pois o distanciamento restringiu os abraços, as palavras de conforto e a proximidade, elementos tão necessários em um momento que as pessoas estão fragilizadas. “Só quem passa por esse momento sabe da dor e do sofrimento, mas Deus nos dá força para seguir com fé e sabedoria”, diz Clara.