No dia 12 de outubro é celebrado o dia da Padroeira do Brasil e, como todos os anos, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é entronizada na igreja acompanhada pelo olhar de veneração dos devotos. A pequena imagem de Nossa Senhora, de face escura e com seu manto azul marinho, é quase tão antiga quanto a Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos. 

Ela foi uma doação, um presente para toda a comunidade, em retribuição a um milagre. A sua chegada à Rainha foi motivo de festa. A imagem, adquirida em Aparecida do Norte, chegou em procissão, acompanhada de anjos. 

No final da década de 1950, o pioneiro Emílio Ângelo Volpato teve um derrame e quase morreu. Ele tinha uma saúde frágil e ficava muito tempo hospitalizado. A mulher, Elvira Volpato, era quem cuidava do marido. Em uma das internações, Emílio fez uma cirurgia no intestino e uma gaze foi esquecida em seu abdômen. “O pai estava com muita dor e minha mãe acha que ele não ia aguentar e poderia morrer”, recorda Maria Aparecida Volpato Garcia Sanches, 78 anos. Foram seis meses de internação.

Muito religiosa, dona Elvira rogava à Nossa Senhora Aparecida pela vida do marido. “A minha mãe cuidava dele com a ajuda das irmãs dele. Ela era muito religiosa e rezava todo dia. Meu pai foi salvo pela minha mãe. Foi um verdadeiro milagre”, afirma dona Cida, como é conhecida. 

Ao se recuperar, Emílio decidiu que queria uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e iria doá-la para a igreja. A família era muito amiga do padre Paulo Speiser, que foi pároco da Rainha dos Apóstolos de 1959 a 1964. Quando Emílio manifestou seu desejo ao padre, foi prontamente aceito. 

 A família viajou até Aparecida do Norte para adquirir a imagem. “Eu e meu irmão caçula fomos com meus pais para Aparecida buscar a imagem. Depois ela saiu lá de casa [na rua João Pessoa] em procissão até a igreja”, recorda. Há rumores de que a imagem tenha sido furtada na época do padre Francisco Schneider e uma segunda imagem comprada, mas não há registro disso e ele afirma que o fato não ocorreu. 

A devoção à Nossa Senhora Aparecida permeou a vida da família Volpato. Maria Aparecida lembra que nos últimos 12 anos de vida do pai, ele não perdeu um dia sequer o terço em honra a Nossa Senhora. “Ele teve uma vida muito bonita, sacrificada e dolorida, mas bonita. Dentro da igreja”, diz dona Cida. 

Emílio morreu aos 64 anos de um derrame cerebral. A filha lembra que instantes antes de falecer, na UTI, ele disse: “Nossa Senhora está em cima do armário”. Foram suas últimas palavras. A visão da mãezinha que o aguardava para levá-lo ao descanso eterno. 

Dona Elvira faleceu dois meses antes de completar 95 anos. Era uma pessoa acolhedora que sempre tinha um prato de comida para quem batesse à sua porta. Maria Aparecida herdou a devoção dos pais. “Nossa Senhora é uma só, mas rezo para Nossa Senhora Aparecida e a Rainha dos Apóstolos. Tenho muita devoção”, afirma. 

Dona Cida esteve duas vezes no Santuário de Aparecida com o pai e voltou uma vez com os filhos. Tinha planos de comemorar os 54 anos de casamento com Pedro Garcia Sanches, em Aparecida do Norte, mas a pandemia adiou os planos. 

Visita da imagem de Aparecida

Em setembro de 1966, a paróquia recebeu a visita da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida vinda de Aparecida do Norte. A imagem milagrosa ficou das 15 às 18h na igreja, segundo registro no Livro Tombo. Ela foi acompanhada por dom Antonio Macedo, arcebispo coadjutor de Aparecida do Norte e alguns missionários. “Muitos fiéis se aglomeraram na igreja buscando as bênçãos da Mãe que nos visitava”, escreveu padre Francisco Schneider, pároco da época, no Livro Tombo.